quinta-feira, 20 de agosto de 2009

GARI APRENDE POR CONTA PRÓPRIA A FALAR FLUENTEMENTE O INGLÊS

Jornal destaca gari conquistense que fala inglês fluentemente.
Não têm sido raras histórias de garis que saem do anonimato social para ganhar notoriedade por atitudes diversas, como devolver documentos ou quantias perdidas, resgatar recém-nascidos jogados em lixeiras ou malabarismo com baldes e vassouras, mas a de Rodrigo Lima de Oliveira, 30 anos, foge do convencional.
Um dos 125 garis lotados no Serviço de Limpeza Pública de Vitória da Conquista, município do sudoeste baiano, a 509 km de Salvador, Oliveira deixou de lado o que considera "humilhação social" e mergulhou firme no aprendizado da língua inglesa.
A curiosidade pelo idioma fez com que o rapaz buscasse ajuda em bibliotecas, escolas e em falantes do inglês. Com determinação, concluiu o ensino médio fundamental e logo adquiriu um método que possibilitou que ele se comunicasse fluentemente na língua inglesa.
Sobrevivência - Nascido em São Paulo, Oliveira aportou em Conquista há 18 anos por força do destino e está no serviço público há oito. "Não tive opção. Fui ser gari por uma questão de sobrevivência, mas quero prestar vestibular para nutrição".
Enquanto isso não acontece, nas horas vagas, exatamente como faz há mais de dez anos, procura o prazer da leitura em espaços públicos. "Sempre tive curiosidade pelo idioma e paixão pela leitura, então eu frequentava a biblioteca pública para me aperfeiçoar. Lá encontrei uma coleção chamada Inglês em Casa e comecei a estudar sozinho", diz.
O professor de inglês Rui Albuquerque, considerado o mais experiente e preparado docente do idioma na região sudoeste, disse ter ficado surpreso com o nível de conhecimento do rapaz. "Foi surpreendente quando o conheci, numa humilde casa no bairro Kadija", recorda. "Ele estudava por conta própria, não tinha material e corria à procura de informações com os mórmons. Ele entende bem, tem boa pronúncia e se faz entender com facilidade. Classifico em cinco o seu nível".
Para se ter idéia da classificação, entre básico, intermediário e avançado, o gari estaria no terceiro estágio. "Seguramente ele poderia se virar muito bem em qualquer país falante de língua inglesa", garante Albuquerque, que, quando foi diretor de uma escola de idiomas, convidou o gari a acompanhar aulas, em dois períodos, como ouvinte. "Ele conseguiu se sair melhor que os alunos", lembra.
"A última vez que o vi foi na rua, com a vassoura. Começamos a conversar em inglês, próximo a um ponto de ônibus e o silêncio entre os ouvintes foi geral. Todos ficaram espantados pela maneira inusitada com que Rodrigo se expressava ", disse.
Extraído do Jornal A TARDE de 02/02/2009 - Reportagem: Juscelino Souza - Imagem: José Silva

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