quinta-feira, 24 de setembro de 2009

GARI CONHECE TUDO SOBRE GEOGRAFIA MUNDIAL

Um gari que tem o ensino fundamental incompleto e que até três meses recolhia o lixo das ruas de Aracaju conhece quase tudo sobre Geografia através das viagens que faz pelo mundo da leitura. José Augusto dos Santos, 41, lê tudo que encontra, ganha e compra sobre o assunto nas horas vagas desde os 23 anos, quando uma professora de Geografia o orientou a buscar nos livros e no mapa mundi, as respostas para as perguntas que fazia sobre o assunto.
“O que mais gosto de estudar de Geografia! É tudo”, disse o gari conhecido por todos como ‘Geografia’ e que desde junho deixou as ruas para trabalhar, na mesma empresa, a Torre, em um terreno da prefeitura, no bairro Farolândia. Ele é responsável nesse local por manter limpa a área, destinando o entulho trazido por carroceiros da região em um contêiner existente no terreno. A leitura só acontece nas horas vagas, entre uma limpeza e outra.
Ele não usa a Internet para aprimorar seus conhecimentos, apenas os livros, grande parte deles doados pela vizinhança do bairro onde trabalha, que vê nele um personagem de uma memória e conhecimentos fantásticos. “Ele sabe nome de países que pensava que nem existiam”, exclamou a funcionária pública federal que mora na Farolândia, Anete Maria de Santana. Ela disse que noinício não acreditou, até que foi conferir as informações que ele passou e viu que estavam certas.
O interesse pela Geografia surgiu quando José Augusto ainda era criança ao observar o horizonte na primeira vez que viu o mar, aos oito anos. Ele morava em Gararu num orfanato coordenado por um padre belga. Um dia, esse padre trouxe as crianças para um passeio em Aracaju para ver o mar. “Ao sair do mar comecei a olhar a distância e uma pessoa me disse que ele era infinito. Aquilo ficou em minha cabeça, até que em 1991, a lembrança veio. Encontrei uma professora e comecei a fazer um monte de perguntas. Ela me aconselhou a comprar um mapa mundi e um globo para buscar a partir dali as respostas que tanto buscava”, relembrou.
E foi assim que ele fez. Na época trabalhava como ajudante de servente na construção civil. Comprou o mapa e o globo e começou a estudar em casa, nas horas vagas. “Aí vi que o mundo era grande e descobri que em frente ao Brasil está a África, continente com 53 países”, disse com desenvoltura. Os colegas de trabalho zombavam dele que no horário de almoço estava sempre lendo sobre o que mais gosta. Zombaram também quando ‘Geografia’ quis batizar o filho mais velho de Taiwan “uma ilha que fica no continente asiático numa área de 36 mil km² e a capital é Taipé”, complementou a resposta. Desistiu do nome, mas não de se aprofundar nos estudos da disciplina que tanto gosta.
Nesses 18 anos, comprou e ganhou livros. “É o povo se formando e eu me informando. Eu digo que não sou formado, sou informado”, falou o gari que sonha em ser um professor (ele diz que já se sente como tal) e conhecer os Estados Unidos. Para José Augusto, conhecimento é tudo e é isso que ele busca. O gari está todos os dias no terreno que fica no final da rua Jorge Cabral, na Farolândia, e espera um dia poder ganhar um exemplar atualizado de Geografia Geral. De todas as informações que José Augusto passou para a reportagem sobre a Geografia, todas estavam corretas.
Fonte: Jornal da Cidade - Sergipe

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O GARI SANDRO SIQUEIRA ACERTA COM O CENTRAL

Impedido de realizar testes no Santa Cruz, gari Sandro Siqueira acerta com o Central.
Após ser barrado no Tricolor pela profissão, ele realiza desejo de se tornar jogador de futebol profissional e vai disputar a Copa Pernambuco.
Sandro Siqueira agora é jogador profissional.
Após ver o sonho frustrado ao ser vetado pelo Santa Cruz devido a sua profissão, o ex-gari assinou contrato, nesta quarta-feira, com o Central-PE. Ele defenderá o time na Copa Pernambuco e no Campeonato Pernambucano de 2010.
Sandro foi contrato pela Patativa após uma série de testes realizados no clube. A busca pelo emprego foi marcada pelo preconceito, já que o ex-gari foi vetado durante uma peneira pela diretoria tricolor.
A explicação para o veto foi porque a diretoria tricolor temia que a presença de Sandro seria munição para as pessoas dizerem que todo mundo entra no Santa Cruz.
ENTENDA O CASO
O Santa Cruz realiza testes para jogadores amadores e profissionais. Em uma peneira, o gari Sandro Siqueira foi selecionado para fazer os testes. Ao chegar ao clube ele foi avisado que não poderia participar da atividade. A justificativa seria sua profissão.
Sem saber que estava sendo gravado por uma repórter do telejornal “NETV”, da TV Globo, o então supervisor de futebol do clube, Flávio Lira, disse:
- Tudo isso é munição para a negada ficar zoando ainda mais com o pessoal. Pode ter certeza que o que vai rolar na cidade é isso. Vão dizer que está todo mundo entrando no Santa Cruz. Infelizmente é.
Alguns dias depois da publicação da matéria, o presidente do clube, Fernando Bezerra Coelho, demitiu o dirigente. O cartola alegou que mudanças no departamento de futebol já seriam realizadas, mas que a declaração de Flávio Lira acelerou a sua saída.
Via assessoria de imprensa, o Santa Cruz informou que Sandro Siqueira seria convidado para fazer os testes. Mas outros times também o convidaram e ele acertou com o Central.
Extraído do Globoesporte.com

MURAL DO GARI